domingo, 7 de dezembro de 2014

Biografia, obras e frases de Moacyr Scliar



Moacyr Jaime Scliar foi um escritor brasileiro. Nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica.

Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida como médico, fazendo residência em clínica médica. Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), daquela capital. 

Publica seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da tradição judaico-cristã. Algumas delas foram  publicadas na Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda e Espanha e em Portugal, entre outros países.

Em 1965, casa-se com Judith Vivien Oliven.

Em 1968, publica o livro de contos "O Carnaval dos Animais", que o autor considera de fato sua primeira obra.

Especializa-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Inicia os trabalhos nessa área em 1969.

Em 1970, frequenta curso de pós-graduação em medicina em Israel, sendo aprovado. Posteriormente, torna-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Seu filho, Roberto, nasce em 1979.

A convite, torna-se professor visitante na Brown University (Departament of Portuguese and Brazilian Studies), em 1993, e na Universidade do Texas, em Austin.

Colabora com diversos dos principais meios de comunicação da mídia impressa (Folha de São Paulo e Zero Hora). Alguns de seus textos foram adaptados para o cinema, teatro e tevê.

Nos anos de 1993 e 1997, vai aos EUA como professor visitante no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University.

Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31, ocupada até março de 2003 por Geraldo França de Lima. Tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo poeta gaúcho Carlos Nejar.

O escritor faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos. 

Moacyr Scliar era torcedor do Cruzeiro, de Porto Alegre. Devido a sua morte, os jogadores do Cruzeiro fizeram uma homenagem para este torcedor-símbolo do clube, entrando de luto na partida contra o Grêmio, no dia 27 de fevereiro, que contou com um minuto de silêncio em homenagem a Scliar.

Em 1998 o romance "Um Sonho no Caroço do Abacate" foi adaptado para o cinema, com o título "Caminho dos Sonhos", sob a direção de Lucas Amberg. O filme participou dos festivais de Gramado, Miami, Trieste e outros. O filme narra a história do filho de um casal de imigrantes judeus lituanos que se estabelece no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, nos anos 1960. O jovem Mardo (Edward Boggiss) apaixona-se por Ana (Taís Araújo), uma estudante negra. Os jovens encontram no amor a força e a determinação para enfrentarem a discriminação na escola onde estudam e o preconceito entre as famílias.


Em 2002 o romance Sonhos Tropicais foi adaptado para o cinema sob a direção de André Sturm, com Carolina Kasting, Bruno Giordano, Flávio Galvão, Ingra Liberato e Cecil Thiré no elenco. O filme relata o combate à febre amarela no Rio de Janeiro, comandado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, e a resistência da população à vacinação obrigatória, que resultou na chamada Revolta da Vacina. Em paralelo, é narrada a história de uma jovem judia polonesa, que imigra para o Brasil em busca de uma vida melhor, mas acaba por se prostituir.

Foi o sétimo ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 31 de julho de 2003, na sucessão de Geraldo França de Lima, e recebido em 22 de outubro de 2003 pelo acadêmico Carlos Nejar.

Obras de Moacyr Scliar

Contos

O carnaval dos animais. Porto Alegre, Movimento, 1968
A balada do falso Messias. São Paulo, Ática, 1976
Histórias da terra trêmula. São Paulo, Escrita, 1976
O anão no televisor. Porto Alegre, Globo, 1979
Os melhores contos de Moacyr Scliar. São Paulo, Global, 1984
Dez contos escolhidos. Brasília, Horizonte, 1984
O olho enigmático. Rio, Guanabara, 1986
Contos reunidos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995
O amante da Madonna. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1997
Os contistas. Rio, Ediouro, 1997
Histórias para (quase) todos os gostos. Porto Alegre, L&PM, 1998
Pai e filho, filho e pai. Porto Alegre, L&PM, 2002
Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro, Agir, 2009.

Romances

A guerra no Bom Fim. Rio, Expressão e Cultura, 1972. 
O exército de um homem só. Rio, Expressão e Cultura, 1973. 
Os deuses de Raquel. Rio, Expressão e Cultura, 1975. 
O ciclo das águas. Porto Alegre, Globo, 1975;
Mês de cães danados. Porto Alegre, L&PM, 1977, 
Doutor Miragem. Porto Alegre, L&PM, 1979, 
Os voluntários. Porto Alegre, L&PM, 1979, 
O Centauro no Jardim. Rio, Nova Fronteira, 1980. Porto Alegre, 
Max e os felinos. Porto Alegre, L&PM, 1981, 
A estranha nação de Rafael Mendes. Porto Alegre, L&PM, 1983, 
Cenas da vida minúscula. Porto Alegre, L&PM, 1991, 
Sonhos tropicais. São Paulo, Companhia das Letras, 1992, 
A majestade do Xingu. São Paulo, Companhia das Letras, 1997, 
A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Companhia das Letras, 1999,
Os leopardos de Kafka. São Paulo, Companhia das Letras, 2000, 
Uma história farroupilha. Porto Alegre, L&PM, 2004,
Na noite do ventre, o diamante. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005,
Ciumento de carteirinha Editora Ática, 2006, 
Os vendilhões do templo Companhia das Letras, 2006, 
Manual da paixão solitária. São Paulo: Companhia das Letras,
Eu vos abraço, milhões. São Paulo: Companhia das Letras, 

Ficção infantojuvenil

Cavalos e obeliscos. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1981; 
A festa no castelo. Porto Alegre, L&PM, 1982, I
Memórias de um aprendiz de escritor. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1984*, 
No caminho dos sonhos. São Paulo, FTD, 1988,
O tio que flutuava. São Paulo, Ática, 1988,
Os cavalos da República. São Paulo, FTD, 1989, 
Pra você eu conto. São Paulo, Atual, 1991.
Uma história só pra mim. São Paulo, Atual, 1994, 
Um sonho no caroço do abacate. São Paulo, Global, 1995, 
O Rio Grande farroupilha. São Paulo, Ática, 1995,
Câmera na mão, o guarani no coração. São Paulo, Ática, 1998, 
A colina dos suspiros. São Paulo, Moderna, 1999, 
O livro da medicina. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2000, 
O mistério da casa verde. São Paulo, Ática, 2000.
O ataque do comando P.Q. São Paulo, Ática, 2001.
O sertão vai virar mar. São Paulo, Ática, 2002,
Aquele estranho colega, o meu pai. São Paulo, Atual, 2002, 
Éden-Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 2002, 
O irmão que veio de longe. Idem, idem, 
Nem uma coisa, nem outra. Rio, Rocco, 2003, 
Aprendendo a amar - e a curar. São Paulo, Scipione, 2003, 
Navio das cores. São Paulo, Berlendis & Vertecchia, 2003, 
Livro de Todos - O Mistério do Texto Roubado. 2008. Obra coletiva (Moacyr Scliar e vários autores), 

Crônicas

A massagista japonesa. Porto Alegre, L&PM, 1984
Um país chamado infância. Porto Alegre, Sulina, 1989
Dicionário do viajante insólito. Porto Alegre, L&PM, 1995
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar. Porto Alegre, L&PM, 1996.
O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2001
A língua de três pontas: crônicas e citações sobre a arte de falar mal. Porto Alegre

Ensaios

A condição judaica. Porto Alegre, L&PM, 1987
Do mágico ao social: a trajetória da saúde pública. Porto Alegre, L&PM, 1987; 
Cenas médicas. Porto Alegre, Editora da Ufrgs, 1988. 
Enígmas da culpa. São Paulo, Objetiva, 2007

Célebres Frases de Moacyr Scliar


  • “Claro que há uma química da paixão, representada pelos hormônios. Mas a verdade é que o amor continua sendo um mistério não decifrado pela medicina. E é bom que seja assim. Sem o mistério do amor, a vida não teria graça.”

  • “As rugas. São o resultado da constante movimentação de nossa face, esta mímica que, tanto quanto a razão e a emoção (e expressão destas), nos faz humanos. As rugas horizontais: a testa franzida de espanto, de estranheza. As rugas verticais: a testa vincada pela contrariedade, pela raiva, pelo desgosto.” 
  • “Além do território da emoção humana, médicos e escritores também compartilham um instrumento comum: a palavra. É claro que nos dois casos a atitude é diferente. O médico avalia a emoção, o escritor utiliza-a como matéria-prima.”
  • “Um dia, imaginava Freud, uma placa comemorativa seria inaugurada, com a seguinte inscrição: "Em 1895 foi revelado ao Dr. Sigmund Freud o mistério do sonho". Hoje, a descoberta de Freud é homenageada não apenas com placas comemorativas, mas com o triunfo da instituição que ele criou, a psicanálise.” 
  • “Na farmácia, presencio uma cena curiosa, mas não rara: balconista e cliente tentam, inutilmente, decifrar o nome de um medicamento na receita médica. Depois de várias hipóteses acabam desistindo. O resignado senhor que porta a receita diz que vai telefonar ao seu médico e voltará mais tarde. "Letra de doutor", suspira o balconista, com compreensível resignação.” 
  • “O que desconcerta e às vezes assusta, no tremor, é o fato de que se trata de um movimento sem propósito, descontrolado. E nós tememos tudo o que não podemos controlar, especialmente quando se trata de movimento.
  • “Letra de médico já se tornou sinônimo de hieróglifo, de coisa indecifrável.”
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