sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Exercícios intensos não retardam o envelhecimento como os moderados

Todos nós sabemos que a prática de exercícios físicos quando incorporada como hábito de vida proporciona inúmeros benefícios para a saúde e qualidade de vida. Um dos que se procura comprovar para o praticante regular de atividades físicas é o poder de desacelerar o envelhecimento. Será que quem pratica atividade física regularmente retarda o processo biológico do envelhecimento?
Este é um assunto que tem sido investigado pela ciência nas últimas décadas e ainda carece de resultados mais consistentes. Apesar de algumas evidências interessantes, uma das dificuldades que existem é o que utilizar como indicador de envelhecimento. Qual ou quais seriam os parâmetros fisiológicos que refletem com mais precisão o processo de envelhecer?
corredoras mais velhas euatleta (Foto: Getty Images)Prática de atividade física regular pode ajudar a retardar o envelhecimento (Foto: Agência Getty Images)
Dentre vários indicadores fisiológicos, existe um que a ciência comprova decrescer progressivamente com o avanço da idade principalmente após a terceira década de vida. Trata-se da capacidade máxima de consumir oxigênio, que é um indicador objetivo da capacidade do corpo de produzir energia.
Este índice é chamado Consumo Máximo de Oxigênio, ou VO2 máximo e é bastante conhecido dos atletas e corredores. Sua determinação é feita pela ergoespirometria que é o teste de esforço feito em esteira ou bicicleta durante o qual o indivíduo usa uma máscara conectada a um equipamento metabólico para mensurar o consumo de oxigênio.
O nosso grupo de pesquisa da UNIFESP publicou um trabalho em 2007 no Medicine and Science in Sports and Exercise no qual pudemos obter as seguintes evidências: O VO2 máximo decresce em média 1% ao ano após a terceira década de vida, ou seja, envelhecemos numa taxa de 10% à cada década baseado na redução da capacidade do nosso corpo de produzir energia.
Quando comparamos três grupos diferentes quanto à atividade física habitual, obtivemos as seguintes informações: o grupo de indivíduos de vida sedentária e o grupo de indivíduos que fazia atividade física de grande intensidade apresentavam a mesma taxa de decréscimo do VO2 máximo com a idade. A atividade física intensa não desacelera o envelhecimento.
Quando avaliamos um grupo de praticantes de corrida, que seguia o conceito da prática de atividade de característica moderada, respeitando os limites de intensidade preconizados pelos padrões de orientação, constatamos que a taxa de decréscimo do VO2 com a idade era significativamente reduzida comparada aos dois outros grupos.
Portanto, a prática de exercícios moderados, como é característica de quem corre, pedala ou pratica natação parece desacelerar o processo do envelhecimento. Pelo que encontramos na literatura, este benefício parece ser mediado por vários fatores, dentre os quais a neutralização de radicais livres e a liberação de endorfinas.
Mais uma vez, podemos dizer que praticar exercícios regularmente não só pode proporcionar mais anos à sua vida como também mais vida aos seus anos!

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